6 de julho de 2011

Na sua empresa Tudo que Reluz é Ouro?


Tommaso Russo
Good girls go to heaven but bad girls go everywhere (Mae West)
No mundo dos negócios, de modo assustadoramente frequente, quantas vezes vemos aqueles que apresentam um desempenho confiável e consistente, que se alinham no lado certo na ética e no espírito de grupo, os “caras legais” que todo gestor quer ter na equipe – serem deixados de lado quando estão em jogo reconhecimento e recompensas. Muitas vezes, eles não obtêm o crédito, o respeito e o reconhecimento devidos, sendo menos valorizados que os “bad boys”.
Bad boys? Você conhece um monte deles. São aqueles que, à primeira vista, são os campeões de resultados. Entretanto, sua figura sempre vem acompanhada de um “é, mas...” e demonstram atitudes irritantes que acabam sendo relevadas perante seus feitos “espetaculares”. São os “meninos de ouro”, “os matadores”, as “estrelas” (e os “revestidos com Teflon”, onde nada gruda), sempre reconhecidos e até admirados pela diretoria, mesmo quando sua imagem está apoiada em um pedestal feito apenas de ar quente.
Os cínicos dirão que a vida não é justa, mas espere aí! Quantas vezes vê-se a mesma história:
  • As atitudes pessoais das estrelas são ignoradas e apenas os resultados são reconhecidos. Pode ser arrogância, falta de profissionalismo e coisa pior. Essas pessoas pensam somente em si , presidentes eternos de seu próprio fã clube. Não sabem e nem querem trabalhar em equipe.
  • Acionistas e donos das empresas insistem tanto no “não interessa o esforço, só o resultado” que logo a maioria dos colaboradores não quer mais saber como esses resultados foram alcançados. “Limite-se a vender ou você será devolvido ao meio ambiente”.
  • Indicadores financeiros são mais importantes que o estilo, liderança, ética e profissionalismo. O foco é no lucro mensal e não nas atitudes que possibilitam resultados consistentes e duradouros da empresa.
  • Aqueles que têm “os contatos” (quem você conhece, não o que você sabe) não são avaliados pelo esforço da mesma maneira que o resto dos meros mortais.
Você pensa que seus colaboradores não percebem como os resultados foram atingidos? Eles sabem.
Será que a alta direção da empresa realmente se importa se um empregado deixa uma pilha de cadáveres atrás de si na sua busca pelo sucesso pessoal? E o discurso sobre as prioridades da organização e “como as pessoas são a nossa maior riqueza”? Esse tipo de cultura fica transparente para o mercado? Será que esse clima interno não é impeditivo para atração das pessoas certas? Sim senhor, isso tudo pode acontecer. E, ao longo do tempo, a organização acaba se transformando em alguma coisa que, ao fim, resulta altamente prejudicial ao negócio:
  • Head hunters acabam formando um conceito negativo a respeito da empresa e param de indicar candidatos potencialmente qualificados.
  • O restante de seus colaboradores percebe como essa cegueira sobre determinadas pessoas acaba prejudicando suas carreiras na empresa; engajamento e produtividade começam a despencar.
  • Uma consequência natural para o baixo engajamento das pessoas é a alta rotatividade; os primeiros a irem embora são os melhores, com mais chances no mercado, em busca de reconhecimento e valorização que não encontram hoje na empresa.
É claro que tudo isso pode ser evitável. Mas é preciso coragem para desafiar as estrelas, especialmente se sua intenção é motivar e reter os colaboradores que carregam o piano discretamente, que trabalham em equipe, que são a esmagadora maioria do seu pessoal, e que garantem a sobrevivência da empresa.

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