29 de novembro de 2011

A diferença entre Incentivos e Recompensas

Tommaso Russo
Qual é a diferença entre incentivos e recompensas (ou reconhecimento)? São a mesma coisa?
Não, não são. Incentivos e recompensas são ferramentas totalmente diferentes que podem ser utilizadas para aumentar a produtividade dos colaboradores em uma organização, mas cada uma tem características e objetivos próprios.
Os incentivos, em particular, podem causar consequências negativas na motivação das pessoas se usados de maneira errada. Considere o seguinte exemplo:
Imagine a lavanderia de um hotel, onde exista um monitor fixado na parede, que mostra a produção de cada funcionário, comparada com a dos demais. Os funcionários estão listados por nome, e todos podem ver quem é o mais rápido em enfiar lençóis, fronhas e toalhas nas máquinas de lavar. Talvez a intenção desse controle tenha sido criar uma competição saudável entre os trabalhadores para que eles esforçassem-se em ocupar os primeiros lugares na lista. Mas isso acabou criando um clima péssimo e fez com que todos achassem, com razoável dose de razão, que o patrão não ficaria exatamente contente com aqueles que mostrassem ritmo inferior ao dos líderes da “corrida”. Notou-se que alguns já não utilizavam as pausas para ir ao banheiro para depois não terem que ficar se explicando ao supervisor. Todos estavam com pena de uma moça grávida, que não conseguia acompanhar o passo da maioria (*).
A figura abaixo mostra as principais diferenças entre incentivos e recompensas:

 
A diferença principal é que os incentivos estão focados no “O que”, enquanto as recompensas privilegiam o “Como”. No exemplo acima, a tela com os indicadores de velocidade na lavanderia priorizam a produção de cada empregado, no quanto de roupa é colocada na máquina por período de tempo. Recompensa, por outro lado, poderia reconhecer e premiar um dos colaboradores que auxiliasse a gestante em seu trabalho, de forma que esta última pudesse ir ao banheiro com a frequência que sua condição exige. Ou seja, destacaria as atitudes desse colaborador no trabalho.
Para que os incentivos não virem um tiro no pé, alguns cuidados devem ser tomados:
  • Estabeleça metas e expectativas razoáveis – a competição pode ser um motivador, desde que os colaboradores não temam que seu emprego esteja em risco constante. Defina metas claras e persiga-as.
  • Considere situações individuais – para serem justos, os incentivos devem levar em conta exceções individuais (como a gestante). Nenhum colaborador deve colocar sua saúde ou bem estar em risco para atingir as metas estabelecidas.
·         Não confie apenas nos incentivos – incentivos têm por objetivo motivar equipes e pessoas para atingir ou superar metas explícitas de curto prazo. Necessariamente, as premiações serão diferentes para cada colaborador e variam conforme seu desempenho. Alguns deles nada receberão.  Recompensas, por outro lado, devem ser definidas para atingir o maior número possível de colaboradores, reconhecendo e premiando os colaboradores continuamente e de imediato, em retribuição a atitudes e ações que estão alinhadas com os valores da empresa e seus objetivos básicos.

(*) o exemplo da lavanderia não é fictício. O método é utilizado nos subterrâneos dos hotéis do complexo da Disneylândia em Anaheim, Califórnia. No lugar mais feliz do mundo, os empregados não estão sorrindo.

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