Quando eu vejo o conteúdo da maior parte dos programas de
desenvolvimento para lideranças, dentre as coisas que os gestores em todos os
níveis vão ou não vão fazer, não podem fazer, devem fazer ou poderiam fazer
melhor é a competência (habilidade e vontade) relativa a sentar-se com um
subordinado e falar sobre seu desempenho, principalmente quando esse desempenho
não for bom.
Aprender a lidar com um problema de desempenho é uma das
primeiras coisas que os líderes devem aprender a fazer. O problema é que, por
alguma razão, eles simplesmente não aprendem. Em vez disso, muitas vezes são desenvolvidos
todos os meios imagináveis de contornar os problemas de desempenho dos
colaboradores, e estes não são tratados.
Os treinamentos para gestores desenvolvem a capacidade de
pensar estrategicamente, de liderar a mudança, fazer uma bela apresentação em
Power Point e outras habilidades executivas, mas a habilidade de fornecer um
feedback negativo é simplesmente ignorada.
Então, geralmente
quando a água já bateu no queixo, eles vão pedir socorro ao RH ou contratar um
coach executivo para fazer o trabalho sujo por eles, como se lidar com um
problema de desempenho fosse uma tarefa indigna para alguém com seu nível
hierárquico.
As consequências do “gap” dessa competência: Um pobre empregado acaba fazendo o que ele
pensava que era um bom trabalho durante toda sua carreira em uma empresa e
acaba sendo despedido porque ninguém
teve a coragem ou capacidade para lidar com seu baixo desempenho enquanto ainda
havia tempo para corrigi-lo. É triste, e isso nunca deveria acontecer, mas
acontece.
Então, porque o problema ainda existe , sugerimos um
roteiro que pode facilitar um pouco as coisas:
Preparar-se
para o feedback
Algo aconteceu que trouxe o problema de desempenho para
sua atenção. Pode ser tanto alguns indicadores objetivos de desempenho (queda
nas vendas) ou algum tipo de problema comportamental (dormir em uma reunião).
Reúna todos os dados que você puder – obtenha informações de outras fontes, se
necessário. É como o trabalho de CSI reunindo provas para ser capaz de
convencer a si mesmo primeiro, depois o funcionário. Em seguida, escreva um
esboço do que você quer dizer e como você quer dizer. Se a coisa é muito séria,
pode ser necessário envolver o RH (pode ser que aí você perceba como um bom
profissional de RH pode ser importante).
Agende uma reunião com o colaborador – com duração de
mais ou menos 1 hora - em um local privado (seu escritório a portas fechadas ou
uma sala de reuniões desocupada). Finalmente, analise qual são realmente suas
motivações em ter essa conversa. O objetivo deve ser verdadeiramente ajudar o
empregado - não para puni-lo ou para colocar
sua raiva para fora. Ter o estado de espírito certo irá definir o tom da
discussão e vai fazer toda a diferença nos resultados do feedback.
Explicar
o problema
Esqueça o “aquecimento”- vá direto ao ponto. De uma forma
calma, explique ao colaborador qual é o problema de desempenho ou
comportamento. Há um par de modelos para fazer isso:
• Situação, Comportamento e Resultado: "Em nossa reunião desta semana,
você dormiu. Eu tive que acordá-lo e fiz você passar vergonha na frente de seus
colegas. "
• Comportamento, Sentimento e Efeito: "Quando você adormeceu na reunião,
eu me senti como se você não estivesse interessado no que eu tinha a dizer. Isso
causa um mau exemplo para o resto da equipe. "
Você está basicamente ajudando o funcionário entender com
o que exatamente você está preocupado. Não seja excessivamente duro, mas não passe
a mão na cabeça do colaborador. Trate-o como adulto.
Saber
os motivos do colaborador e ouvir
Você deve dar ao empregado a oportunidade de explicar as
coisas sob a perspectiva dele. Não pergunte: "Então em que diabos você
estava pensando?" Em vez disso, tente algo como: "Então me ajude a
entender como isso pode acontecer?"
A chave aqui é realmente ouvir - para fatos e
sentimentos. Pode haver alguma razão legítima para o problema, e normalmente
há, pelo menos do ponto de vista do empregado. Compreender as causas reais irá
ajudar você e o subordinado a cumprir o próximo passo.
Estabelecer
ações para resolver o problema
Esse é o objetivo do feedback, não é? Eliminar as causas e fazer o problema
desaparecer. Um monte de gestores parece perder isso de vista. É também uma
oportunidade de treinamento para o empregado para aprender e desenvolver-se. Deve
ser uma discussão colaborativa. Na verdade, é melhor querer saber, em primeiro
lugar, quais são as ideias do funcionário para resolver o problema. A sugestão
do empregado não pode ser tão boa quanto a sua, mas ele estará mais propenso a
cumprir uma promessa que ele mesmo fêz. Se
você não está certo da eficácia daquilo que foi proposto, você sempre pode
adicionar suas propostas como uma ideia
adicional. A chave aqui é fazer com que o empregado esteja comprometido com a
solução.
Cobrar
compromisso e marcar uma data para o follow-up
Elaborar um plano de ação, e obter o compromisso do
empregado para as melhorias. Em seguida, definir e acordar uma data para um follow-up
do andamento do plano. Dessa forma, se as idéias iniciais não estiverem
funcionando, novas ações podem ser consensadas. Isso também garante ao colaborador que você
está prestando atenção nele.
Expressar
sua confiança no colaborador (e possíveis consequências se não houver melhorias)
Se este é apenas um primeiro feedback, e se não estiver
relacionado a algum fato grave, então não há necessidade de mencionar consequências
na conversa. Porém, se não for o caso, então você deve descrever claramente o
que vai acontecer se não houver melhoria no desempenho ou se o comportamento
não melhorar. De qualquer maneira, encerre a reunião com uma nota positiva - expressando
sua confiança de que as soluções que vocês combinaram irão funcionar. Isso pode ser difícil de fazer se você sinceramente
não acredita nisso. Nesse caso, evite o cinismo e não diga nada.
Documentar
o conteúdo da reunião e guarde em seus arquivos para uso em futuros feedbacks e
nos follow-ups.
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