27 de fevereiro de 2014
Programas de estágio em época de carestia de talentos
Tommaso Russo
Em parte pela escassez de pessoal razoavelmente qualificado, em
parte pelos escorchantes impostos sobre a mão de obra, a utilização de
estagiários nas empresas industriais ou de serviços mantém-se em alta.
Infelizmente, a maioria das organizações ainda vê o estagiário
como mão de obra barata, “informal” e temporária. Ou seja, poucas possuem um
programa de estágio realmente estruturado (ou seja, bastante além dos
relatórios enviados ao CIEE). Salários baixos, falta de supervisão e a ausência
de um plano de atividades diversificadas fazem com que os estágios não sejam
proveitosos para o próprio estagiário e, principalmente, para a empresa.
No mínimo, a não permanência do estagiário na empresa após o
término de sua formação é uma grande oportunidade perdida pela organização. Bem
ou mal, estagiários conseguem adquirir uma noção bastante boa da cultura da
empresa, de seus produtos e de sua estrutura organizacional, o que significa
tempo menor de aprendizado no cargo que ocupariam após sua efetivação. Além
disso, para a empresa, o estagiário não é um desconhecido, ou seja, o risco de
contratação de alguém desalinhado aos valores e à cultura reduz-se bastante.
Há cada vez mais interesse em organizarem-se planos de carreira
dentro das organizações: demonstra o compromisso da empresa no crescimento e
desenvolvimento dos colaboradores (com efeitos na retenção), indica os
conhecimentos, habilidades e comportamentos que o colaborador precisa adquirir
para progredir na carreira, minimiza custos de contratação e pode significar
salários inicialmente menores que os de mercado.
Então, por que não prever que as posições de entrada no plano de
carreira sejam ocupadas por estagiários, ou seja, o período de estágio é
considerado como “um cargo”, o primeiro degrau da carreira?
Mas para isso, é necessário que o estagiário passe por um bom
processo de seleção (perfil e valores) e que a organização possua planos
formais de desenvolvimento e de supervisão desses jovens, além de eventos e
programas específicos, como, por exemplo:
Feiras dos estagiários – onde os estudantes
apresentariam trabalhos, exposições ou apresentações sobre suas realizações no
trabalho. Atividades desse tipo não só provocariam o desejo e o orgulho em
desenvolver trabalhos originais e significativos – com real agregação de valor
-, mas também mostrar aos demais colaboradores como funcionam os programas de
estágio na organização.
Palestras de executivos – promoção de palestras
ministradas por executivos e especialistas de alto nível da empresa. Uma das
vantagens do estágio é colocar os estudantes em contato com profissionais
experientes em seu ramo. Em geral, palestrantes recrutados entre os escalões
mais altos da empresa são muito populares entre os estagiários – como exemplo
de experiência profissional e desenvolvimento de carreira. Ao mesmo tempo,
possibilita a “promoção” da empresa para a permanência dos estagiários
talentosos, além de buscar o apoio desses altos executivos ao programa de estágio.
Visita dos coordenadores
de estágios das faculdades – Os coordenadores dos estágios nas escolas e universidades
possuem poucas oportunidades de verificar o trabalho dos estagiários in loco
nas empresas. Convidando esses profissionais (principalmente aqueles das
escolas de bom nível que formam profissionais de interesse ao negócio da
empresa), constrói-se um relacionamento com as faculdades, que leva ao
encaminhamento dos melhores alunos, divulgação da empresa junto aos alunos e
maior flexibilidade e constância no relacionamento empresa – escola.
Encontros com estagiários
efetivados
– trata-se de uma ferramenta bastante eficiente para mostrar a empresa como um
excelente local para estagiar (e permanecer após a formatura). Convidam-se
cinco ou seis pessoas que estagiaram na empresa e que foram efetivados nos últimos
3 anos. Estes fazem breves relatos sobre sua formação escolar, sua época de
estágio e respondem perguntas dos estagiários presentes. Os estagiários obtém
um insight da organização sob o ponto de vista dos efetivados – pessoas
percebidas como semelhantes e próximas aos próprios estagiários e, por isso,
uma fonte confiável de informações sobre a empresa.
Avaliação de desempenho - os estagiários devem
passar por programas de avaliação de desempenho e feedback formal de seus
supervisores; esses programas podem ser mais simples que aos usados pelos
colaboradores em geral, mas devem possibilitar que a empresa descubra os
talentos, que têm prioridade na efetivação, além de demonstrar o interesse da
empresa no estagiário como um futuro colaborador.
Marcadores:
Estágios,
Organização RH,
Planos de Carreira,
Talentos,
Treinamento e Desenvolvimento
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário