3 de novembro de 2015

Implantação de trilhas de carreira e sucessão: condições necessárias



Tommaso Russo


Em um artigo anterior, falamos sobre a importância de planos de carreira e sucessão nas organizações, como forma de alinhar as necessidades estratégicas de médio e longo prazo da empresa em termos de pessoal especializado e as demandas de desenvolvimento e crescimento profissional por parte das pessoas, notadamente as da geração Y e posteriores.
Entretanto, a implantação de um projeto de trilhas de carreira não é processo simples, nem padronizado. Não há “modelos” que atendam as características especiais de cada companhia. Ou seja, trata-se de artesanato e não de produção em massa.
Existem pré-requisitos básicos antes que o RH inicie um projeto dessa magnitude. Alguns passos podem evoluir simultaneamente à implantação, mas devem estar disponíveis antes que haja o lançamento formal do plano.

A política de cargos e salários deve estar praticada em sua plenitude. Descrições dos cargos atualizadas de acordo com processos desenvolvidos na empresa, tabelas salariais definidas e principalmente, relação de habilidades e competências por cargo validadas e corretas. Afinal, o desenvolvimento e aprendizagem dentro das trilhas devem basear-se nas reais necessidades dos processos e dos gaps dos potenciais sucessores.

Uma política sólida de avaliação de desempenho. Em qualquer caso, movimentações dentro do plano de carreira dependem do desempenho adequado dos candidatos, caso contrário grande parte dos esforços estarão concentrados em achar lugares para pessoas que por um motivo ou outro, “não se adaptam ao cargo no qual estão”, ou seja, pessoas erradas. Os talentos devem estar mapeados pelo RH e o plano de carreira tem como um grande objetivo manter essas pessoas a bordo através de possibilidades de crescimento profissional. Sem meritocracia, não há chances de um plano de carreira dar certo.

Os cargos críticos da organização devem estar definidos. É prioritário que o projeto de trilhas de carreira priorize a formação de sucessores para os ocupantes desses cargos, ou seja, aqueles que detém o conhecimento, de difícil reposição por pessoas do mercado e que garantirão a sobrevivência da empresa a médio e longo prazo. A organização não pode ficar refém dessas pessoas.

Ações adequadas de avaliação de potencial. Nem todos os colaboradores possuem características pessoais para atingir postos mais altos, principalmente quanto a cargos de liderança. Forçar a promoção de pessoas com excelente desempenho em seus cargos atuais como modo de conceder melhor nível de remuneração pode causar estragos irreparáveis na carreira do colaborador que não possui potencial para ocupar cargos mais altos. Além de ferramentas de avaliação, é importante a participação do gestor e da alta administração.

Estabelecimento das trilhas de aprendizagem. A preparação dos colaboradores para a ocupação dos cargos componentes da sua trilha de carreira demanda a aquisição dos conhecimentos mínimos (acadêmicos ou técnicos) da posição almejada. Parte da formação deve ser de responsabilidade das próprias pessoas (com ou sem suporte da empresa), porém tudo o que se relaciona a conhecimentos específicos do negócio deve ser disponibilizado pela organização. Diversos meios são disponíveis para suprir esses conhecimentos, porém estes devem estar organizados sob a forma de “matérias”.

Concluindo, a infraestrutura necessária para que o plano de carreira seja funcional é complexa e exige investimentos importantes pela organização. É por esse motivo é que a implantação do plano deve ser feita de maneira gradativa, priorizando as áreas e cargos mais sensíveis. Provavelmente, para algumas áreas, a relação custo-benefício de um plano de carreira não é justificável e estas não estariam incluídas no projeto mesmo a longo prazo.

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