30 de agosto de 2012

Seja crítico e criativo e não cri-cri



Tommaso Russo

Para o Brasil, é apenas questão de tempo: globalização significa “competir com todos, por tudo em qualquer lugar”. Porém, existe um grave problema cultural: a maioria dos processos de gestão (de processos e de pessoas) está estruturada para promover o conformismo e o alinhamento, ao invés de liberar a criatividade e o pensamento crítico.
Alguns sintomas: falta de adaptabilidade e resiliência; hierarquias rígidas e formais; utilização do passado como referência do futuro; falta de canais para ideias, talentos e experimentação; repressão da crítica..
É também crença corrente que a criatividade é algo que somente os “artistas”possuem. Na verdade, criatividade é algo que se aprende e pratica. Criatividade é resolver problemas, utilizando a lógica, a intuição ou qualquer coisa no meio disso. Veja algumas sugestões que podem ajudar a libertar a criatividade:
  • A criatividade deve ser abordada de maneira profissional – a única maneira de tornar-se criativo é praticando: levantar sugestões nas reuniões, desenhar fluxos e diagramas de alternativas aos problemas, pensar em soluções inéditas. Com isso, você está treinando seu cérebro a enxergar diferentes opções e encontrar soluções criativas.
  • Limite as possibilidades - às vezes, pensar fora do quadrado pode paralisar, pelo excesso de alternativas possíveis. Por exemplo, pedir a um engenheiro para construir uma ponte é muito diferente do que encomendar uma ponte de aço. A restrição permite que se tenha por onde começar, que é a parte mais difícil do trabalho criativo. Posteriormente é razoável levantar a dúvida: aço por quê?
  • Compartilhe – soluções frequentemente surgem de um encadeamento de ideias. Assim, compartilhe seu problema com outros, por exemplo, utilizando a técnica do brainstorming. Como vantagem adicional, os participantes do processo vão se sentir um pouco responsáveis pela solução e tendem a apoiá-la.
  • Não faça comparações - uma das razões pelas quais não enfrentamos os problemas de forma criativa é que não nos sentimos capazes. Lembramos de soluções encontradas por alguém brilhante e não nos achamos tão bons assim (ou alguém nos diz que não somos). Comparações são inúteis. Cada situação é peculiar e cada problema é único. Foque no agora e resolva o problema presente utilizando seu melhor.
  • Pare de utilizar desculpas – a causa primária para que a pessoas não utilizem sua capacidade criativa é a procrastinação (isto é, empurrar com a barriga). Conhecemos os problemas e sabemos o que deve ser feito: mas se for dar trabalho, sempre achamos uma desculpa verdadeira para fugir (mergulhando na rotina e na irrelevância)
Além da criatividade, as organizações precisam de profissionais com olhar crítico (podemos ver a capacidade crítica como a semente da criatividade). A habilidade da visão crítica raramente ocorre naturalmente, devendo ser aprendida. Alguns comportamentos  que ajudam:
  • Insight – ter a exata noção do que é crítica nesse contexto (não é ser “negativo”). Devemos ter a consciência clara do por que estamos criticando.
  • Atitude – sentir-se moral e emocionalmente confortável tanto para criticar quanto para ser criticado. Sem isso, por exemplo, processo de feedback é inútil para o desenvolvimento das pessoas.
  • Questionamento – habilidade de questionar a autoridade, captar opiniões generalizadas e repensar coisas estabelecidas “por definição” (dogmas)
  • Conhecimento – saber fazer a lição de casa e que críticas bem fundamentadas e de boa qualidade funcionam
  • O tipo certo de atitude – as críticas bem sucedidas (equilibradas, respeitosas e completas) dependem do uso de outras 3 habilidades: poder de argumentação, objetividade (base em fatos e dados) e comunicação.
  • Integridade – críticas devem ser consistentes e não arbitrárias e, principalmente, saber o que falar e o que não falar em determinadas situações.

O oposto: palpiteiro, pessimista, inventor, cri-cri...

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