3 de julho de 2013
Como ajudar as pessoas a mudar seus comportamentos?
Tommaso Russo
Existe uma vasta literatura de auto-ajuda que tenta
ensinar as pessoas a mudarem seus hábitos ou comportamentos. Essa pressão por
mudança pode vir do Outro (família, chefe) ou no reconhecimento interno de que
a mudança trará maior respeito, saúde ou afeição. Ou seja, a situação atual é
incômoda.
Entretanto, há pessoas que estão absolutamente
satisfeitas com seus comportamentos ou não possuem a motivação suficiente para
que algo em suas atitudes deva ser mudado.
Essas situações ocorrem, na vida profissional, nas
avaliações de competências (que incluem comportamentos) – o momento no qual o
chefe aponta as atitudes que estão afetando o desempenho ou o clima da equipe.
O colaborador pode sensibilizar-se e iniciar um processo de mudança de hábitos
ou simplesmente fingir que concorda e não tomar nenhuma atitude positiva com
relação ao seu comportamento.
A pergunta que fica é: é possível ajudar alguém a
mudar seus hábitos?
As técnicas
apresentadas nos livros podem ajudar, mas como se trata da mudança no outro,
alguns passos anteriores devem ser examinados:
1.
A pessoa
está aberta à mudança?
Inicial e obviamente, a pessoa em foco deve estar
aberta à possibilidade de mudança.
As pessoas podem apresentar posturas muito
defensivas com relação a seus comportamentos. Os hábitos demoraram anos para se
desenvolver a tornaram-se parte de sua identidade; ou, alternativamente, as
pessoas simplesmente têm vergonha de suas atitudes e tentam justificá-las. Mas
será que estão abertas à possibilidade de que alguma coisa poderia ser feita?
Se isso não acontece, então apenas abordar o
assunto é pura perda de tempo. Entretanto, se foi vislumbrada uma mínima
possibilidade de mudança, isso nos leva a...
2.
Não
julgar
Uma das primeiras coisas que terapeutas aprendem ao
lidar com seus pacientes é não julgá-los. Existe uma boa razão para isso: não é
apenas o fato de que ninguém gosta de ser julgado, mas essa postura manda a
mensagem errada. A mensagem errada é: eu sei o que é melhor para você e estou
dizendo o que você deve fazer. E não são muitas as pessoas que gostam de ser
mandadas, como um cachorro.
O tom correto a ser usado é que vocês estão juntos
e que você é apenas um amigo prestativo que está interessado no bem estar e
felicidade, mas que você a aceita do jeito que ela é.
Não é difícil imaginar que esse equilíbrio é
delicado. Mas, para algumas pessoas, apenas o fato de não julgar o outro já é
um grande começo. Os seres humanos adoram julgar tudo e todos e esse é um
comportamento difícil de superar.
3.
Aumentar
a autopercepção das pessoas
Além de detetar a semente da possibilidade de
mudança e de não julgar, uma das melhores coisas que pode ser ajudar as pessoas
é despertar a autopercepção delas.
Uma das características fundamentais dos hábitos
éque as pessoas os repetem inconscientemente e repetidamente nas mesmas
circunstâncias. Exemplos de bons
hábitos: escovar os dentes, olhar dos dois lados antes de atravessar a rua e
colocar o cinto de segurança antes de dirigir.
Um passo fundamental em mudar um comportamento é
identificar a situação quando ele ocorre. É possível ajudar outras pessoas
apontando sutilmente o que parece desencadear a atitude inadequada. Por
exemplo, existem emoções ou situações específicas que estão associadas a esse
comportamento?
Se sim, conscientizar a pessoa disso podem
ajudá-las a mudar essa atitude.
4.
Trabalhar
juntos
Assim, a mudança dos hábitos de outras pessoas
passa pela utilização de técnicas de alteração de comportamentos e verificar se
estas estão dispostas a repensá-los. Não é possível mudar as pessoas se elas
não quiserem fazê-lo.
Após isso, alternativas para a alteração de hábitos
podem ser a escolha de um comportamento alternativo aceitável, definir planos
para a mudança, pensar em coisas que podem motivá-las a mudar e assim por
diante.
Em
teoria, quando duas pessoas estão trabalhando juntas para mudar os hábitos de
uma delas, a outra está em posição de vantagem, pois pode avaliar objetivamente
seu comportamento e fazê-la perceber conexões e situações que de outra maneira
podem ser parcial ou totalmente inconscientes.
Adaptado de How to Help Other People Change
Their Habits, em http://www.spring.org.uk/2013/05/how-to-help-other-people-change-their-habits.php
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