Tommaso Russo
“Uma das coisas mais
dolorosas sobre nosso tempo é que aqueles que sempre têm certeza são estúpidos
e aqueles com alguma imaginação e compreensão estão repletos de dúvida e
indecisão” – Bertrand
Russell.
Pesquisas
no campo da psicologia mostram que o filósofo estava certo. Determinou-se que
as pessoas com os piores desempenhos profissionais são os que menos percebem
sua própria incompetência. Essa característica é chamada efeito de
Dunning-Kruger.
O
motivo principal desse fato é que esses indivíduos não aprendem com seus erros.
A solução consiste, então, em dizer diretamente aos incompetentes que eles são
incompetentes.
Infelizmente,
o problema é que pessoas incompetentes provavelmente receberam esse tipo de
feedback por anos e nunca prestaram muita atenção. Apesar de só fazerem
bobagens e irritar outras pessoas, os incompetentes ainda não acreditam nisso.
Como
disse Sócrates: A única verdadeira sabedoria é que não sabemos nada.
Mas
até essa visão pode ir longe demais. Acontece que pessoas com verdadeiro
talento tendem a subestimar o quanto bons são realmente. A raiz dessa distorção
é que gente inteligente tende a assumir que outras pessoas acham as coisas tão
simples como eles acham, quando na verdade, é seu talento que faz a diferença.
É
outra face do efeito de Dunning-Kruger: às vezes, os competentes não sabem que
são competentes. Isso significa que quando é bom em alguma coisa, o indivíduo
tende a assumir que os outros são tão bons quanto eles. Assim, quando
confrontado com uma tarefa na qual você é bom, você tende a subestimar sua
própria habilidade.
Isso
não acontece somente quando pessoas possuem habilidades especiais, mas quando
eles encaram, por exemplo, uma tarefa especialmente difícil. Estudos mostram
que pessoas se subestimam quando confrontadas com atividades com fama de
difíceis, tais como jogo de xadrez, contar piadas ou programação de
computadores.
Em
oposto, superestimam suas habilidades em atividades consideradas simples, como
por exemplo, usar um mouse, dirigir automóvel e andar de bicicleta. Qual é a
explicação?
Quando
as pessoas se comparam com outras, elas se focam de modo egocêntrico em suas
próprias habilidades e percebem de maneira insuficiente as habilidades do grupo
de comparação. Em outras palavras, tendemos a esquecer do quanto as outras
pessoas podem ser boas em andar de bicicleta e o quanto podem ser ruins em
programar computadores ou contar piadas.
O
mesmo vale para os julgamentos que fazemos de nós mesmos. Por exemplo, pessoas
mais velhas tendem a assumir que são menos atraentes ou atléticas que outros
indivíduos de mesma idade.
A
moral da história é simples: às vezes nos depreciamos, especialmente quando
confrontados com um trabalho difícil ou quando possuímos habilidades especiais.
Nessas circunstâncias, somos melhores que imaginamos.
Referências:
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