30 de abril de 2014
Como o questionamento pode tornar as organizações melhores
Tommaso
Russo
Inovar
e criar parecem ser a única saída do beco em que a maioria das empresas está
metida. Cedo ou tarde, os empreendedores se defrontam com a necessidade de
mudar ou ficar pelo caminho. O que era sólido se desmancha no mercado.
A
mudança exige uma nova postura: o questionamento de como posso fazer as coisas
de outra maneira, sobreviver e crescer? Essa postura vale tanto para as
organizações como um todo, quanto no nosso trabalho do dia a dia, nos processos
dos quais fazemos parte. Um belo dia, nos avisam que o que estamos fazendo não
é mais suficiente, que é necessário “sangue novo”. Nossa falta de
questionamento e autocrítica não irá mais compensar o “conhecimento” e a
“experiência” que, imaginávamos, nos tornava “indispensáveis”.
Nesse
respeito, transcrevo trechos de uma entrevista com Warren Berger, autor do
livro “A More Beautiful Question: The
Power of Inquiry to Spark Breakthrough Ideas” (Uma bela pergunta: o poder do
questionamento para despertar ideias inovadoras, em tradução livre, sem edição
em português). Nesse livro, o autor estudou centenas de casos de empreendedores
e pensadores criativos para verificar como eles tiveram suas ideias
revolucionárias. Declara Berger:
As
oportunidades estão todas por aí, mas a maioria das pessoas não percebe ou, se
o faz, não vai para o passo seguinte, que é pesquisar profundamente sobre elas.
O empreendedor de sucesso é aquele que dá um passo atrás para questionar o que
os outros ignoram ou acham que “é assim mesmo”. Por que existe esse problema?
Qual é a oportunidade que está aí? Onde eu posso usar minhas competências e
imaginação para fazer alguma coisa a respeito?
Questionar
é o processo mental que nos capacita a organizar o pensamento sobre aquilo que
não sabemos. Para isso precisamos disciplinar nossos recursos mentais para 1)
entender o problema 2) imaginar soluções possíveis e 3) transformar essas
ideias em realidade. Tudo começa através da pergunta: “Por que é assim?”,
seguido de “E se?”, que irá gerar as ideias e, finalmente, “Como posso fazer
isso acontecer?”, a ação.
Grande
parte dos empreendedores não faz as perguntas certas, não pelo medo das
respostas, mas pelo medo de que as respostas sejam muito duras. Ou seja, eles
não fazem as perguntas difíceis. Isso porque, se as perguntas realmente
difíceis fossem feitas, isso significaria um desafio para a organização e para
a própria pessoa. E se o empreendedor não sentir à altura do desafio, ele
simplesmente evita fazer essas perguntas. É muito mais fácil fazer perguntas
convencionais, práticas, tais como “Como podemos aumentar nossas vendas em
5%?”, ao invés de perguntar “Por que estamos fazendo as mesmas coisas que fazíamos
há 15 anos? Como podemos reinventar o processo, a organização, o mercado?”
O
negócio da Netflix, por exemplo, começou com a pergunta “Por que eu tenho que
pagar uma multa por devolver o vídeo à locadora com atraso?” E a empresa
continua questionando desde então, expandindo seu negócio continuamente.
Isso
vale para qualquer negócio, ou mesmo para nossa carreira. É importante, dar um
passo para trás, observar e perguntar o porquê escolhi essa montanha para
escalar? É a melhor maneira de empregar meus pontos fortes? O que eu espero
encontrar no topo da montanha?
O que eu deixei lá embaixo e que me faz
falta hoje? Como a escalada poderia ser mais divertida? Ou seja, fazer muitas
perguntas – e correr atrás das respostas.
Não
podemos chegar a um estágio de “especialista confortável” – melhor ser um
“eterno aprendiz”. Hoje em dia, a expertise torna-se obsoleta rapidamente. Uma
pessoa questionadora continua repensando naquilo que ela “sabe”.
A
entrevista completa de Warren Berger pode ser encontrada em http://www.forbes.com/sites/danschawbel/2014/03/04/warren-berger-how-asking-questions-can-make-you-a-better-entrepreneur/
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