Tommaso
Russo
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Os
problemas nas equipes são melhor resolvidos pelas chefias e não pelo RH |
Todo professional de RH sabe que é no
Departamento de Recursos Humanos que as pessoas se dirigem para reclamar de
outras pessoas, das políticas e de injustiças. Embora o RH esteja em geral
disposto a ajudar, a primeira instância para a qual deveria recorrer seria sua
chefia.
Entretanto, muitas chefias não têm muita
experiência em lidar com as reclamações e tendem a empurrar tudo para que o RH
resolva.
O que o RH deve fazer é treinar os
gestores de pessoas em lidar com o que podem e o que não podem resolver-
ocasiões nas quais eles podem simplesmente ignorar as reclamações, quando eles
devem tomar providências e quando eles devem necessariamente escalar o problema
para RH.
Se as orientações corretas
forem dadas, o RH poderá devolver aos chefes os problemas que eles têm
obrigação de resolver.
Quando
problemas devem ser escalados imediatamente para o RH
As chefias assumem essa posição
frequentemente sem nenhum treinamento formal na gestão de pessoas. Além de
desenvolver e treinar seus subordinados, eles devem conhecer as regras
relativas ao gerenciamento de colaboradores. RH deve iniciar essa orientação com
os seguintes tipos de reclamações recebidas pela chefia:
Assédio
sexual – qualquer reclamação desse tipo, não importando o quão
bobo seja – desde o “João disse que fico bem nessa roupa” até “o João disse que
se eu não dormir com ele vai acabar com minha carreira na empresa” – devem ser
encaminhados ao RH.
Mesmo a aparente inocência do elogio à
roupa de alguém deve ser investigado. Vai depender do tom de voz em isso foi
dito, se a pessoa assediada pediu para que isso parasse quando João apalpou o
tecido daquela roupa. Talvez a expressão utilizada seja apenas a ponta do
iceberg. Os riscos de uma ação de assédio contra a empresa podem prejudicar em
muito a imagem da empresa e custar caro.
Discriminação – se a reclamação tiver a ver com raça, gênero, religião, idade, opção
sexual ou outros tipos de discriminação ilegais, o gestor deve documentar a
queixa e encaminhá-la ao RH. Isso inclui reclamações de que existe injustiça
nos salários praticados com base em algum tipo de discriminação. É provável que
esse tipo de queixa não leve a nada, mas a chefia deve escalá-la ao RH.
Outros
tipos de violações legais – se há queixas de que outros empregados estão
praticando roubos, desobedecendo normas de segurança ou qualquer legislação a
qual a empresa estiver sujeita, é necessário que seja encaminhada e investigada
pelo RH. É melhor investigar algo que acaba resultando em nada que assumir que
alguma coisa é nada até que um fiscal venha a bater na porta da empresa.
Treine os
gestores a tratar das queixas através de passos padronizados
Para outros tipos de queixas,
oriente as chefias a seguir os seguintes passos para lidar com os problemas: Ouvir,
Reconhecer,
Refletir
e Agir
Ouvir
– Queixas são
irritantes e muitas vezes gostaríamos que parassem. Queixas de subordinados são
ainda mais irritantes porque gostaríamos que eles voltassem logo ao trabalho.
Mas é importante OUVIR – pelo menos na primeira vez. Se o assunto já foi
discutido com o colaborador, corta-se a conversa quando aparecer novamente, mas
para quase todo o resto, o chefe deve ouvir o que colaborador está falando.
Ouvir
não é somente escutar, mas prestar atenção no que está sendo dito. A chefia
deve fazer perguntas para descobrir o que realmente está acontecendo. Por
exemplo, se uma pessoa se queixa que o prazo para entregar o trabalho é
impossível, um bom ouvinte diria “por que você acha que é impossível? ”. Se a
reação for “Não, é perfeitamente possível”, nada será resolvido com essa
pessoa, nunca.
Reconhecer – quando se lida com um reclamão, este é
o passo mais difícil. Mesmo que o chefe considere que a reclamação é ridícula,
reconhecendo o que o colaborador está sentindo pode ajudar muito para que a
queixa acabe. As pessoas seguem reclamando porque acham que ninguém os está
ouvindo.
A chefia poderia dizer algo como “Então, o que você está dizendo que o prazo
para entregar o trabalho que eu defini para a Maria é menor que o seu? ”.
Continuar repetindo a pergunta de formas diferentes até que a pessoa concorde
que o chefe entendeu sua queixa.
Refletir
– isso não deve ser necessariamente na presença do colaborador, mas é uma etapa
crítica. A chefia deve refletir seriamente a respeito da reclamação recebida.
Isso pode parecer ridículo – assim como a maioria das queixas são ridículas.
Às
vezes, essa reflexão pode ser feita rapidamente – afinal não é necessário
gastar muito tempo pensando se é justo que alguém tenha que vir trabalhar. Mas
às vezes essa reflexão pode levar algum tempo.
Por
exemplo, se o subordinado está se queixando que o prazo dele é menor que o dado
à Maria, a chefe deve verificar se realmente o tempo para realizar a tarefa não
foi subestimado. É possível chegar à conclusão que a estimativa inicial estava
errada.
Entretanto,
é possível que o prazo dado à Maria tenha sido maior porque ela está ainda em
fase de experiência e se adaptando à tarefa. Nesse caso, o prazo dado não foi
injusto – apenas é um outro tipo de justiça. Agora, se a reclamação é que Maria
fica muito tempo nas redes sociais pelo celular e por isso demora mais na
tarefa, é necessário verificar se isso está efetivamente acontecendo.
Uma
maneira rápida de lidar com a fase de reflexão é perguntar ao colaborador “O
que você acha que eu deveria fazer a respeito? ”. Normalmente, o queixoso não
tem a menor ideia, mas às vezes ele sugere uma linha de ação. O chefe deve
refletir se essa sugestão é prática. As soluções trazidas pelos colaboradores
são frequentemente surpreendentes e positivas. Se o colaborador não sabe o que
o chefe deveria fazer, este deveria pedir que o colaborador volte quando tiver
uma sugestão.
Agir
– Uma vez que o chefe ouviu a queixa, confirmou que entendeu o que está
acontecendo e refletiu sobre as alternativas viáveis, é tempo de agir. Isso
pode representar uma grande gama de possibilidades. Se a chefia refletiu sobre
a queixa e decidiu que não é válida, não é necessário mudar nada. Deve
simplesmente dizer ao colaborador que as coisas vão permanecer assim.
Mas
se o gestor decidiu que mudanças são necessárias, ele deve fazê-las. Então é
necessário comunicar ao colaborador que as alterações foram feitas – este pode
não ter notado que as coisas mudaram.
A
chefia irá perder sua credibilidade se ficar sabendo a respeito de um problema
– se for realmente um problema – e não fizer nada a respeito.
O RH pode orientar as chefias para que o
procurem se tiverem problemas, mas devem tentar primeiramente utilizar a
sequência descrita acima para fazer com que os subordinados sintam que são
ouvidos e valorizados. Pessoas que são consideradas tendem a não trazer queixas
bobas e os problemas sérios são resolvidos porque seus gestores cuidaram das
queixas importantes.
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